segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Paulo Freire, a simplicidade que ainda inova - Por: Tatiana Klix - Porvir.org


Maior educador brasileiro já preconizava, há 50 anos, conceitos como interdisciplinaridade e educação baseada em projetos.

Paulo Freire, o mais importante e revolucionário educador brasileiro, viveu a maior parte da sua vida e criou seus métodos e conceitos pedagógicos em uma realidade sem computador em larga escala, internet, jogos on-line ou redes sociais. Mas mesmo após 50 anos da primeira experiência de alfabetização de adultos em Angicos, Rio Grande do Norte, que se tornaria o método com o seu nome, boa parte dos ensinamentos do pensador pernambucano seguem contemporâneos. E mais: vários deles ainda são inovadores para o cenário educacional.

“Nunca tivemos tanta chance de aprender juntos como agora”, avalia Jose Moran, pesquisador e professor de comunicação da USP, que enxerga na colaboração, na troca, na convivência virtual e no compartilhamento de saberes um dos princípios mais importantes de Paulo Freire, o de aprender junto. “Educador e educando aprendem em comunhão” é uma frase que resume a concepção freireana para a prática do aprendizado.

Ao rejeitar o que chamou de educação bancária, na qual o professor apenas transmitia conhecimentos aos alunos, o pensador valorizou a cultura e o conhecimento prévios dos estudantes e a ideia que se aprende na troca, seja entre professores e alunos, seja com outros professores, seja entre alunos. “A educação está na vida, no nosso cotidiano e na nossa formação como um todo. Não acontece só na escola, mas em qualquer ambiente”, explica a professora doutora da Unicamp Debora Cristina Jeffrey.

"É possível pensar em projetos, mas não em projetos que vêm de cima para baixo. São projetos estabelecidos a partir de temas geradores. É preciso ouvir alunos, debater e fazer discussões que tragam sentido ou que sejam decididas em assembleias."

Segundo ela, o mais importante para Freire é pensar a educação para a transformação humana e a autonomia do sujeito, o que ainda segundo a concepção do pernambucano se dá quando as pessoas se conscientizam de suas condições sociais, culturais, econômicas e políticas.

Dentro dessa visão humanista, para Moran, que pesquisa inovação em educação, é plenamente válido trabalhar os conceitos de Freire para entender uma educação mais conectada, que se utiliza de tecnologias móveis. O professor explica que a educação é um processo profundo de intercâmbio entre pessoas, que a tecnologia facilita e resolve uma parte dele sem que necessariamente educadores e educandos estejam presencialmente juntos.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Todxs contra x língua: os problemas e as soluções do uso dx linguagem neutrx - Nexo - Ana Freitas

Criada na intenção de tornar a língua mais inclusiva, a linguagem não-binária levanta a discussão sobre o poder do idioma de influenciar a sociedade.

“Todxs são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se axs brasileirxs e estrangeirxs residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”

Esse é o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira. Na nossa versão, ele foi modificado para garantir que de fato todos os brasileiros e brasileiras sejam contemplados no discurso. Isto foi feito substituindo todas as letras que caracterizam gênero em adjetivos e substantivos por um “x”.

Tal sistema é conhecido como “linguagem não-binária” ou “linguagem neutra”, um conceito defendido por ativistas dos movimentos feministas e LGBT que tem como objetivo descaracterizar o “binarismo” da linguagem, isto é, a ideia de que palavras são necessariamente femininas ou masculinas.

Para os adeptos da linguagem neutra, a linguagem binária tem papel na perpetração dos estereótipos de gênero. Uma língua que toma o masculino como regra e o feminino como exceção, dizem, é perfeita para reforçar a exclusão das mulheres - e também de indivíduos de gênero não-binário, isto é, que não se identificam nem como homens, nem como mulheres.

No entanto, o uso de linguagem escrita neutra costuma levantar debates acalorados sobre o peso real do sexismo na linguagem, a dificuldade de transportar o conceito para a linguagem falada e, por fim, os problemas de acessibilidade para deficientes visuais que esse tipo de uso provoca em alguns casos.

Leia na íntegra em: https://www.nexojornal.com.br

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Desenvolvimento integral começa pelo currículo, diz especialista australiano - Porvir.org - por Tatiana Klix

Para garantir que o sistema educacional proporcione o desenvolvimento integral de estudantes brasileiros, considerando todas as suas dimensões – intelectual, emocional, cultural, física e social – é necessário que o currículo nacional preveja, de forma clara e objetiva, quais capacidades os alunos devem aprender. Essa é a opinião de Phil Lambert, gerente geral da Acara (Australian Curriculum Assessment and Reporting Authority) – entidade australiana responsável pelo desenvolvimento e implantação do currículo nacional daquele país.

Para Lambert, que teve um papel importante na construção do documento que prevê o que os estudantes australianos devem aprender e estuda outros currículos pelo mundo, o texto preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNC) brasileira, que está disponível para consulta pública na internet até o dia 15 de março, ainda não contempla integralmente essa visão. Em visita ao Brasil na semana passada para reuniões com especialistas e representantes instituições de educação ligados ao Movimento pela Base Nacional Comum, ele avaliou que falta coerência entre o texto introdutório da proposta curricular brasileira e os objetivos de aprendizagem constantes em cada área de conhecimento propostos pelo Ministério da Educação. Embora tenha encontrado no preâmbulo da BNC uma expectativa de aprendizagem contemporânea, que prevê formar jovens capazes, tanto intelectualmente como em termos de capacidades socioemocionais, comportamentos e atitudes, ele não enxergou mais adiante como essas capacidades que levam ao desenvolvimento integral vão se concretizar.

“Nos textos das áreas de conhecimento há muitos objetivos de aprendizagem que apenas levam os alunos a repetir e decorar conteúdos, em vez de fazê-los agir ativamente em relação aos conhecimentos para resolver problemas, desenvolver a criatividade e refletir”, afirmou.

Para ler na íntegra, acesse: http://porvir.org

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sem provas ou divisão por disciplinas, escola promove educação holística - Porvir.org - Por Marina Lopes

Nada de provas, carteiras enfileiradas, currículo organizado por disciplinas ou divisão por séries. Na Wish Bilingual School, localizada no Jardim Anália Franco, zona leste de São Paulo, o bilinguismo está longe de ser o seu maior diferencial. Para estimular o desenvolvimento integral dos alunos, a escola passou a valorizar a educação holística como uma estratégia central do seu projeto pedagógico.

Voltada para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, a escola tem pouco mais de cem alunos e trabalha com a metodologia de projetos para incentivar que eles construam conhecimentos a partir dos seus interesses. A proposta é pautada por diferentes aspectos que envolvem corpo, mente, espírito, autoconhecimento, relação com o mundo e com os outros.

Por lá, tudo pode ser tema de pesquisa, desde o nascimento dos bebês até a história da paquistanesa Malala. A aluna Lara Muniz, 9, do 4° ano, por exemplo, está estudando as florestas para construir uma maquete da natureza. “A gente pode fazer tudo o que quiser. Tudo está ao nosso alcance”, conta a menina, que está na Wish há dois anos e meio. Diferente da sua antiga escola, onde precisava “escrever de cara na lousa”, por meio das investigações ela diz aprender brincando. “Você vai fazendo o seu projeto e do nada percebe que usou matemática para calcular quantos centímetros de uma papel vai precisar”, exemplifica.

Embora hoje os projetos tenham origem na curiosidade dos estudantes, nem sempre foi assim. Quando a escola surgiu em 2008, o formato era diferente. “O projeto tinha uma existência prévia. Eu tinha o projeto dos dinossauros para as crianças de três anos. Antes de qualquer criança de três anos chegar, o projeto já estava montado com começo, meio e fim”, relembra a diretora e fundadora Andressa Lutiano.

Após trabalhar por anos como professora de inglês, Andressa decidiu começar uma escola bilíngue quando estava procurando um local para matricular a sua filha, que na época tinha dois anos. E apesar de oferecer um ensino em duas línguas simultâneas, a Wish nasceu com uma proposta tradicional. No final de 2012, entretanto, após participar de uma viagem para conhecer escolas inovadoras na Espanha, Dinamarca e Reino Unido, a diretora voltou motivada a colocar em prática o que tinha visto.

Aos poucos, começaram a surgir as transformações. Mudança de currículo, mudança de tempo, mudança de avaliação e mudança de espaços. O trabalho teve início com a formação da equipe e logo também teve que dar conta de explicar o novo modelo aos pais. “Em um primeiro momento a gente perdeu uns 20 alunos”, recorda.

Para explicar que as crianças não iriam mais fazer provas e não teriam aulas divididas por disciplinas, entre outras coisas, a solução foi trazer os pais para dentro da escola. Também começaram a ser enviados muitos materiais para casa, incluindo vídeos e leituras sobre novos modelos educacionais.

Reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação) entre as 178 instituições educacionais brasileiras inovadoras, hoje a escola também conta com turmas multietárias. Com exceção do primeiro ano, alunos do 2° e 3° ano ou 4° e 5° ano desenvolvem atividades em conjunto. Cada sala tem em torno de 20 alunos e conta com uma dupla de professores. “Dá mais trabalho porque a gente tem que ir atrás de material. Mesmo a avaliação, não é só dar uma prova para saber o que está certo e o que está errado”, diz a professora Marina Gadioli, responsável pelas atividades de artes.

Como os alunos não fazem provas, a avaliação é feita por meio de observações e acompanhamento contínuo dos professores. Tudo fica registrado na plataforma Gold, que traz ferramentas para acompanhamento dos alunos e apresenta diferentes expectativas de aprendizagem a serem atingidas. “Cada um tem um ritmo de fazer sua atividade. A gente vai observando, registrando e acompanhando. Eles fazem tudo ao mesmo tempo, mas aqueles que têm dificuldade sempre pedem ajuda”, explica a professora Angela Graziela Fagá, que acompanha alunos do 2° e 3° ano.

Seguindo a proposta de que as crianças aprendam em ritmos diferentes e persigam suas motivações, a semana escolar tem início com a organização da agenda individual. Os alunos sentam com os professores e fazem um planejamento, que intercala momentos de livre exploração, acompanhamento individual, atendimento em pequenos grupos e períodos que envolvem toda a classe. “A gente brinca, faz lição, projetos e várias coisas”, conta o aluno Rafael Poiate, 9, do 4° ano.

No futuro, a ideia também é retirar as paredes. A escola já está com o projeto de mudança para um novo espaço, que contará com móveis e divisórias que se movimentam para criar pequenas salas ou um grande galpão.

Leia na íntegra em: http://porvir.org

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Palavras muito usadas perdem o sentido? Jornal Nexo - por Juliana Domingos de Lima

A repetição e ampliação do sentido de determinados termos pode desgastá-los. Com quais palavras, por que e como isso acontece

O que as palavras “kafkiano”, “ontológico”, “comunista” e “literalmente” têm em comum? Todas são acusadas de um uso excessivo e impreciso, a ponto de perderem o sentido.

É recorrente que o universo de um escritor ou escritora dê origem a adjetivos como “kafkiano”, “orwelliano” e “machadiano”, aplicados para descrever outras obras ou situações cotidianas. A imprecisão no uso de termos como esses, no entanto, faz crescer uma sensação vaga, que alguns associam à perda de significado da expressão pelo seu uso em excesso.

A palavra “kafkiano” (ou “kafkaesco”) corresponde àquilo que remete aos livros do escritor tcheco Franz Kafka. É válida geralmente para situações de qualidade labiríntica, surreais, opressivas pelo aspecto de pesadelo. Mas, sua derivação do nome do autor passa por uma redução interpretativa, uma vez que seus livros e estilo têm diversas outras características. Uma delas é o humor, não contemplado pelo sentido usual da palavra “kafkiano”.

Para a linguista, dicionarista e professora emérita da Unesp Maria Helena de Moura Neves, o sentido vago que a palavra assume tem mais a ver com a má aplicação do que com o excesso do uso. “[A palavra] passa a ter um sentido mais genérico, porque sai de um significado de nome próprio para entrar no que seria a proposta de Kafka”, explica. “A porcentagem que leu Kafka e pode falar dele é reduzida e o significado dessa palavra vai depender também da interpretação da obra. Sem ter lido, passa-se a usar a palavra em sua aplicação ampla, às vezes metafórica”.

No lugar de uma aparente perda de significado entra, na verdade, um processo de mudança linguística. Segundo Henrique Braga, linguista, professor e supervisor de português no curso Anglo, vários aspectos podem ser considerados fatores desse processo, sendo o aumento da frequência de uso de determinadas palavras um deles. Com isso, muitas vezes o valor semântico se torna mais abstrato e abrangente. “Não é consenso chamar isso de esvaziamento, mas por ser mais abstrato, pode soar mais vazio. Se abstratizar e a partir daí, expandir”, diz o professor em entrevista ao Nexo.

Braga cita como exemplo disso, na língua portuguesa, a palavra “literalmente”. “Há casos em que o literalmente não significa, ao pé da letra, o que quer dizer. Vi uma manchete que dizia: ‘o gol do Botafogo literalmente caiu do céu’. Não era um lance em que o jogador chutou a bola para o alto e marcou o gol. No contexto, ‘literalmente’ ganhou sentido de ênfase, de que o gol indiscutivelmente veio a calhar”.

No caso de termos com raiz filosófica, como ontológico ou epistemológico, o problema se repete. Ganhador do Pulitzer e colunista do "Washington Post", Gene Weingarten declarou recentemente ter intercambiado os dois adjetivos em sua escrita nos últimos 25 anos, sem saber o que nenhum deles significa.

Em parte uma provocação humorística (a “bio” de sua conta do twitter o define como epistemologista), a confissão aponta novamente para a imprecisão, para um uso genérico das palavras em contextos diversos. Para Maria Helena, a distorção vem do fato de serem, nesse caso, significados de difícil penetração. “As pessoas se confundem porque é difícil aprender o que significam esses termos”, afirma.

Leia na íntegra em: https://www.nexojornal.com.br

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Educação sob a lógica do mercado - A especialista em política educacional Nora Krawczyk critica a influência do setor privado e da Economia na Educação - Por Tory Oliveira - Carta Escola

Existem dois projetos em disputa para o Ensino Médio no Brasil. Um deles pretende oferecer uma educação mais humana, capaz de dar ao aluno subsídios para refletir sobre a sua ação e sobre a sociedade. O outro, oriundo dos setores empresariais, ganhou força na última década com a defesa da formação para o mercado de trabalho.

Nesse contexto, a Economia se fortalece como forma de explicar e resolver os problemas da Educação. Argentina radicada há 30 anos no Brasil, Nora Krawczyk, 55 anos, questiona a competência dada à Economia como ciência capaz de dar contribuições para a educação.

No recente livro publicado pela Editora Cortez, Sociologia do Ensino Médio: Crítica ao Economicismo na Política Educacional, a professora da Faculdade de Educação da Unicamp defende uma volta das Ciências Sociais, em especial a Sociologia, como forma de analisar e contribuir com os desafios educacionais. Ela recebeu Carta Educação em sua casa, em São Paulo, para uma conversa sobre economicismo e a influência do setor privado na Educação no Brasil.


Leia a entrevista completa em: http://www.cartaeducacao.com.br

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Governo quer incluir conteúdo técnico no currículo do ensino médio - EBC - Por Mariana Tokarnia

O governo federal propõe criar uma base comum para ensino técnico. A proposta, inédita, foi apresentada no II Seminário do Ensino Médio, organizado pelo Conselho Nacional de Secretário de Educação (Consed), em Manaus. A ideia é que os alunos do ensino médio recebam uma formação básica em uma das 13 áreas técnicas para que, a partir dai, possam escolher continuar a formação em um curso de graduação em educação profissional tecnológica de graduação.

Na prática, um estudante do ensino médio poderia escolher, por exemplo, receber a formação em recursos naturais. Depois, as horas estudadas ainda na escola poderiam ser aproveitadas em cursos técnicos em agropecuária, em mineração ou em florestas.

Segundo o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Marcelo Feres, a intenção é trazer opções para os estudantes. "Fazer um curso técnico para os alunos hoje não é um processo natural. Eles são empurrados, na formação, para o ensino superior", diz. Ele explica que um dos objetivos do ensino técnico é também melhorar a qualidade do ensino médio, aumentando a atratividade para os estudantes, que teriam acesso a formações na área de interesse.

Pela proposta, a Base Nacional Comum Curricular, que está em discussão, preencheria 60% do tempo do ensino médio. O restante seria para uma formação diversificada. O MEC sugere que a base do ensino técnico possa, a critério das redes de ensino, entrar na parte diversificada, correspondendo a 20% da formação. 

A base técnica, de acordo com Feres, não impedirá que as escolas ofertem também a formação específica e que os alunos deixem a escola como técnicos, como já é feito em parte das escolas. Segundo os dados apresentados pelo secretário, dos 7,8 milhões matriculados no ensino técnico, 1,7 milhão recebe educação profissional de nível técnico, o que equivale a um aluno de ensino médio profissionalizante para cada 4,4 que não recebem essa formação.

"Está se criando uma convicção de que o ensino médio tem que ter possibilidades, caminhos diversos. Ter um currículo comum técnico, e colocar no ensino médio, é uma possibilidade", avalia o secretário de Educação e da Qualidade de Ensino do Estado do Amazonas, vice-presidente do Consed e coordenador do Eixo-Reformulação do Ensino Médio, Rossieli da Silva. Para ele, é importante que isso seja uma opção, e não uma imposição aos estados, que são os entes da Federação que detém a maior parte das matrículas do ensino médio.

Uma base técnica, segundo Rossieli, ajudaria a melhorar a qualificação dos alunos e contornaria as atuais dificuldades em se ofertar uma formação técnica ainda no ensino médio, que exige prática e professores especializados. "No interior, temos a dificuldade de compor a prática, mas qualificação conseguimos fazer. Podemos disponibilizar um especialista no conserto de motor ou em criação de peixe. Não consigo formar o técnico, mas consigo dar algumas horas de qualificação", diz.

A expansão do ensino técnico é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE). De acordo com a lei, o Brasil deve, até 2024, triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público.

"Se continuarmos fazendo do que jeito que estamos fazendo provavelmente não conseguiremos chegar no resultado", diz Feres, aos representantes dos estados presentes na reunião. "Isso requer de nós ações de política pública conjuntas", acrescentou.

O ensino médio é um dos maiores desafios na educação brasileira, entre os problemas estão a evasão de estudantes e a distorção idade-série, os alunos chegam na etapa mais velhos do que deveriam.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Currículo nacional comum é criticado por pouca divulgação e participação social - Por: De olho nos Planos - www.ebc.com.br

" No último dia 13 de setembro, o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma primeira proposta de base curricular para todas as instituições de educação básica do país. Ao ser elaborada, a chamada Base Nacional Comum Curricular deve estabelecer os conhecimentos essenciais para o desenvolvimento dos estudantes brasileiros da Educação Básica, além de orientar a formulação do Projeto Político-Pedagógico das escolas.

Apesar de aprofundar discussões levantadas nas diretrizes e nos parâmetros curriculares nacionais, a proposta recebeu críticas de entidades científicas, sindicais e organizações da sociedade civil tanto no que se refere ao seu conteúdo, quanto à forma como está sendo construída.

Para o integrante da câmara de educação básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), José Fernandes Lima, o principal desafio na elaboração da Base é envolver toda a comunidade escolar. “O documento pode ser bom, mas não promove a negociação com as escolas, as redes de ensino e os municípios. O MEC já disponibilizou um texto preliminar na internet, mas é preciso promover debates presenciais e fazer um chamamento público para discutir a Base”, defende o conselheiro.

No mesmo sentido, o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Lima, aponta que o segredo para a elaboração de um bom parâmetro comum à educação básica reside na maior participação da sociedade: “é preciso dar ciência à população sobre a Base por meio de uma grande campanha publicitária na mídia, nas televisões, convidando a população para espaços de discussão”.

De acordo com o Secretário de Educação Básica, do Ministério da Educação (SEB / MEC), Manuel Palacios, o debate a respeito da Base vem sendo coordenado pelas Secretarias Estaduais de Educação e pelas representações estaduais da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). “A estes responsáveis se agregou uma equipe de suporte e, com o apoio de instâncias de educação pública no território, eles estão mobilizando e organizando o debate com seus professores e suas unidades de ensino”, apontou o secretário.

Manuel Palacios afirmou, também, que o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) prevê que as escolas das redes estaduais reservem um dia ainda em 2015 para debater o documento apresentado pelo MEC. “Há uma estrutura montada em cada estado e que deve terminar em seminários que validem uma proposta final. A Base antes de qualquer coisa deve ser um acordo entre entes federados e há um histórico de organização curricular anterior que foi conduzido especialmente pelos estados e alguns municípios que já tem propostas curriculares próprias”, explicou.

Aléssio Lima, que é também Dirigente Municipal de Educação de Tabuleiro do Norte (CE), reforça que as contribuições para a melhoria do documento devem ocorrer para além do ambiente virtual. “É imprescindível criar momentos presenciais em âmbito municipal ou regional, e que esses momentos não fiquem restritos somente aos educadores, mas que tenham o envolvimento direto da sociedade através de suas organizações, movimentos e instituições”, complementou."

Leia na íntegra em: www.ebc.com.br

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Portal de discussão da Base Nacional Comum Curricular (BNC) - MEC

O Ministério da Educação apresentou hoje o anteprojeto da Base Nacional Comum Curricular (BNC) da Educação, embrião de um documento que define o que os estudantes têm direito de aprender na educação básica, que terá força de lei. O texto já está disponível para consulta pública e sugestões no portal http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.

Para fazer propostas individualmente, basta preencher um cadastro simples, com dados como nome, CPF, cidade e Estado. Para representantes de redes de ensino e organizações da sociedade civil, além dos dados das instituições é necessário indicar um responsável formal pelas sugestões apresentadas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Educadores defendem menos conteúdo e mais qualidade no ensino básico - Por Akemi Nitahara - Agência Brasil

"Educadores debateram hoje (15), no Rio, em sessão especial do Fórum Nacional do Instituto de Altos Estudos, a qualidade do ensino básico aplicado nas escolas do país. O tema foi abordado no painel “Transformar a educação, para que a educação transforme o Brasil”, dentro da sessão especial do Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), que vai até amanhã na cidade.

Diminuir a quantidade de conteúdo obrigatório para o ensino fundamental e médio e garantir que todos os alunos adquiram as habilidades básicas foi uma das sugestões feitas por professores como um dos meios para melhorar a educação no Brasil.

O painel contou com a participação do ministro da Educação, Renato Janine, e do senador Cristovam Buarque, ex-ministro da pasta, e de outros educadores. Para o professor Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), o principal gargalo na educação está no ensino médio, um modelo criado há 70 anos e voltado para o ingresso na faculdade.

“Se conseguirmos destravar o ensino médio e abrir um pouco para experimentos, para iniciativas, conseguiremos avançar. É muito importante acabar com esse enciclopedismo, que não leva a nada, 15, 16 matérias que o aluno tem que passar correndo, e nunca chega a aplicar. Nós temos que permitir que os alunos optem e passem por diferentes áreas de formação e aprofundamento”. Ele destacou a importância do ensino técnico e profissional como uma opção de ensino médio, e não um complemento, como ocorre hoje.

O ex-secretário de Estado de Educação do Rio de Janeiro Wilton Risolia afirmou que o ensino médio não atende as necessidades nem de quem cursa, nem do país. “Nosso ensino médio é uma commoditie às avessas. Não tem fundamento nenhum nem base teórica exigir que o menino que quer ser médico, e o que quer ser jornalista, façam rigorosamente o mesmo ensino médio. Ou que o percurso formativo de quem quer ser músico e quem quer ser engenheiro seja a mesma escola”, afirmou.

O ministro Renato Janine destacou que houve muitos avanços no ensino técnico e que o Brasil ficou em primeiro lugar no WorldSkills Competition, realizado em agosto, em São Paulo. Ele lembrou que o ministério vai lançar amanhã (16) as bases comuns nacionais dos componentes curriculares, que devem contemplar cerca de 60% do que será ensinado nas escolas. O restante deve ser preenchido por conteúdos regionais, como prevê o Plano Nacional de Educação, aprovado no ano passado.

“Penso que, neste momento, a grande contribuição da base comum é sairmos de discussões genéricas para entrarmos na discussão de conteúdo: no que deve ser ensinado. E de competência: o que os alunos devem aprender. A educação é uma área no Brasil que demanda muita discussão, sobretudo sobre métodos pedagógicos, aprendizagem, e foco no aluno, nas boas práticas. Temos grandes avanços nisso, mas creio que podemos ir muito longe”.

Para o senador Cristovam Buarque, é necessário uma reforma total no sistema educacional brasileiro, partindo da federalização do ensino para que a qualidade chegue a todas as cidades. “Um núcleo comum federal com a escola municipal não vai acontecer. As pessoas esquecem a pobreza das cidades. Tem cidades no Brasil cuja receita anual da prefeitura não chega a cem reais por pessoa. Como é que vai dar uma boa escola, como é que vai pagar o professor, como é que vai exigir um professor de qualidade, se eles são escolhidos na própria cidade, não vem de fora? Os funcionários do Banco do Brasil não são escolhidos na própria cidade, vem de fora. Os juízes vem de fora, os delegados vem de fora. A professora é da cidade”.

Para o senador, a reforma curricular deve incluir o horário integral e a escolha de disciplinas pelo próprio aluno. “O aluno quer aprender violão, tem que ter espaço para ele como disciplina violão, tem que ir atrás do gosto do aluno. Agora, tem que ter um núcleo central, todos têm que ter: história do Brasil, geografia, noções de matemática, português, como falar bem. Mas a partir daí, química, deixa para alguns, não precisa todos saberem química. Então, não diminui o número de disciplinas, diminui o número de disciplinas obrigatórias e aumenta as que o aluno escolhe”.

Segundo Cristovam outros pontos que vão contribuir para melhorar a qualidade do ensino são formação e seleção do professor e dedicação exclusiva. “Professor qualificado e dedicado na sala de aula, professor que dá aula em três escolas não dá bem em nenhuma, tem que ser dedicado”. Ele acrescenta também avaliação do professor e capacitação para o uso das tecnologias. “A criança não aguenta uma aula no quadro negro mais, é uma violência para uma criança que nasceu vendo televisão, computador, internet, celular”."

Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil 
Edição: Maria Claudia 

Extraído de: http://www.ebc.com.br

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Ensino técnico ainda enfrenta preconceito - Por Álvaro Campos - Estadão.com.br

"Especialistas defendem maior proximidade entre escolas técnicas e mercado de trabalho e maior flexibilidade nos currículos.

A educação profissional no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos graças, em parte, ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), que, mais do que oferecer bolsas, estruturou a área. Mesmo assim, ainda é preciso vencer um velho preconceito arraigado na sociedade de que esse tipo de formação seria inferior ao ensino superior clássico das universidades. 

Especialistas reunidos no evento Fóruns Estadão Brasil Competitivo Educação para o Trabalho, realizado com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na terça-feira, citaram a necessidade de maior aproximação entre escolas técnicas e mercado de trabalho e de maior flexibilidade dos currículos, já que o rápido avanço tecnológico altera as competências exigidas dos profissionais. 

O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação , Marcelo Feres, lembrou que o ensino técnico no Brasil tem quase 100 anos de história, tendo começado no início do século 20 com os liceus profissionalizantes. Em 2014, foram 1,79 milhão de matrículas nesse tipo de curso, um crescimento de 23,6% ante o ano anterior, sendo 52% na rede pública. 

Segundo ele, a meta 11 do Plano Nacional de Educação, que prevê triplicar o ensino profissional até 2024, é ousada, mas reflete um desejo da sociedade, que passou a dar mais valor a esse tipo de formação. “O alcance dessa meta depende de esforços conjuntos do governo, setor produtivo e sociedade”, comentou. Para Feres, isso não pode ser feito de forma muito acelerada, caso contrário não seria sustentável. “Temos de equilibrar o crescimento de matrículas com a qualidade dos cursos. Esse é o caminho que estamos priorizando.” 

Articulação. 
Feres lembrou que um dos desafios é implementar um sistema nacional de avaliação da educação profissional, já que o que existe atualmente são análises concentradas em instituições e cursos. O secretário defendeu também uma maior articulação entre instituições de ensino e o setor produtivo. “É preciso romper com a cultura academicista essa dualidade do processo de formação entre fazer e pensar.” 

Já o diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, afirmou que a qualidade da educação no Brasil está mais perto da África do que dos países desenvolvidos. Ele apontou que só recentemente o País atingiu um tempo médio de escolaridade de 7,5 anos, o que significa 100 anos de atraso em relação aos países desenvolvidos, que registraram esse mesmo número no início do século passado. 

O especialista comentou ainda que, enquanto na Áustria 76% dos jovens fazem um curso profissionalizante concomitantemente com o ensino tradicional, no Japão são 70% e, na Alemanha, 50%. Já no Brasil, esse índice está em torno de 8,5%. “Mais de 80% dos jovens no Brasil não vão para as universidades. É razoável não instrumentalizar essa juventude para o mercado de trabalho? Isso causa impacto na geração de riqueza da sociedade brasileira, na produtividade do trabalho.” 

É preciso remover os preconceitos em relação à educação profissional, segundo Lucchesi, e isso pode ser um contraponto à grande participação das ciências humanas no ensino superior do Brasil. Segundo ele, de cada 100 graduados nas universidades brasileiras, só cinco são engenheiros, um dos menores níveis do mundo. 

A diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, tem uma visão semelhante sobre o ensino técnico no Brasil. Para ela, é preciso repensar o sistema. “A demanda mundial está migrando para competências não rotineiras. O processo de automatização é enorme, a robotização vai fazer com que muitas profissões desapareçam. Se o jovem não tiver capacidade de se reprogramar, as coisas vão se complicar.” 

Claudia apresentou uma visão um pouco mais otimista que os outros palestrantes. Segundo ela, a taxa de conclusão do ensino básico nos últimos 15 anos teve grandes avanços e, mesmo em termos de qualidade, as coisas melhoraram. A especialista citou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, conhecido pela sigla Pisa, que mostra que o Brasil foi o País que mais avançou em matemática de 2003 a 2012, apesar de ainda ter pontuação baixa. 

“O Brasil está imerso numa crise, mas precisamos ver além. Às vezes, pensamos muito na conjuntura e esquecemos que o País está construindo coisas para o futuro”, comentou, citando como exemplo de caso de sucesso a feira WorldSkills, realizada no mês passado, na qual o Brasil foi o maior medalhista. 

Lucchesi apontou que um dos argumentos para vencer o preconceito com o ensino técnico e atrair mais jovens pode ser via salários. Segundo pesquisas, o pagamento inicial médio de um profissional técnico é de R$ 2 mil, chegando a R$ 6 mil em dez anos. “Isso já é competitivo com o ensino superior, e o jovem começa a vida profissional antes”, apontou. É uma forma também de contemplar a classe C, onde muitos adolescentes não têm condições de fazer cursos de engenharia, por exemplo, que exigem uma dedicação exclusiva. 

Gestão. 
Questionado sobre o Orçamento de 2016, apresentado pelo governo com um déficit de R$ 30,5 bilhões, o secretário do MEC afirmou: “É falso dizer que não haverá impacto, mas isso não paralisa os esforços que vêm sendo desenvolvidos. A oportunidade que se abre neste momento é de criatividade”.

Lucchesi apontou que o Brasil investe quase 6,6% do Produto PIB em educação, mais do que alguns países desenvolvidos e dentro da média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. “Temos uma enorme deficiência de qualidade na educação, mas o avanço precisa ir além da questão alocativa.”"

Extraído de: http://economia.estadao.com.bro arraigado na sociedade de que esse tipo de formação seria inferior ao ensino superior clássico das universidades.
Especialistas reunidos no evento Fóruns Estadão Brasil Competitivo Educação
para o Trabalho, realizado com o apoio da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), na terçafeira,
citaram a necessidade de maior aproximação entre escolas técnicas e
mercado de trabalho e de maior flexibilidade dos currículos, já que o rápido avanço tecnológico altera as compe
profissionais.
Assine o Estadão All Digital + ImSiga @Estadao no TwitterEspecialistas defendem maior proximidade entre escolas técnicas e mercado de trabalho e maior flexibilidade nosEspecialistas defendem maior proximidade entre escolas técnicas e mercado de trabalho e maior flexibilidade nosEspecialistas defendem maior proximidade entre escolas técnicas e mercado de trabalho e maior flexibilidade nos
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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Pesquisa mostra que Estados têm currículo, mas não ouvem alunos - por Paulo Saldaña - Estadão.com.br

"Levantamento foi realizado pela fundação Carlos Chagas; atéo ano que vem, MEC disutrá documento nacional único.

São Paulo - Praticamente todas as redes estaduais do País não ouviram seu principal público interessado, os alunos, para produzir seus documentos curriculares para esta etapa - apontada como um dos gargalos educacionais do País. Essa foi uma das conclusões apontadas em uma pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, a pedidoda Fundação Victor Civita, e divulgada na semana passada.

O estudo analisou 23 documentos curriculares e, dentre eles, dez de forma mais detalhada, com entrevistas com os servidores. Formação integral dos jovens, currículo integrado e interdisciplinariedade e contextualização aparecem em todos os documentos. Mas com um problema: praticamente não se apresentam estratégias e caminhos de como efetivar isso.

Não existe a tentativa de integrar as disciplinas e áreas", diz a coordenadora do estudo, Gisela Tartuce. "A gente sabe que temos essa necessidade de se aproximar dos jovens, mas nos documentos só aparece a intenção", explica.

Também há pouco uniformidade entre os documentos, até nas terminologias usadas. A pesquisa foi divulgada no momento em que o Ministério da Educação (MEC) trabalha na elaboração da base Nacional Comum, documento em que vão constar os conteúdos que devem ser ensinados.;

Gisela ressalta que as experiências já produzidas pelos Estados devem ser aproveitadas. Para Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco, a base terá uma função importante de estabelecer de forma clara esses conteúdos por séries."É incontornável construir de forma consistente a Base e, depois, tornar viável a implementação, quando teremos grandes desafios", diz."

Texto extraído de: http://educacao.estadao.com.br/

Brasil precisa repensar ensino técnico, diz Banco Mundial - por Álvaro Campos - Estadão.com.br

"Diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, participou de etapa dos Fóruns Estadão Brasil Competitivo sobre educação para o trabalho

SÃO PAULO - A diretora global de Educação do Banco Mundial e ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, afirmou nesta terça-feira, 1, que o ensino técnico profissional no Brasil precisar se repensar. 

"A demanda mundial por competências está migrando para competências não rotineiras. O processo de automatização é enorme, a robotização vai fazer com que muitas profissões desapareçam. Se o jovem não tiver capacidade de se reprogramar, as coisas vão se complicar", comentou durante mais uma etapa dos Fóruns Estadão Brasil Competitivo, cujo tema desta edição é Educação para o Trabalho.

Claudia mostrou uma posição um pouco mais otimista que os outros palestrantes. Ela comentou que a taxa de conclusão do ensino básico nos últimos 15 anos teve grandes avanços e que, mesmo em termos de qualidade, as coisas melhoraram. Ela citou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, conhecido pela sigla PISA, que mostra que o Brasil foi o País que mais avançou em matemática de 2003 a 2012, apesar de ainda ter uma pontuação baixa, atrás de países como o México, por exemplo.
A diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

"O Brasil está muito imerso em uma crise, mas precisamos ver além. Às vezes nós pensamos muito na conjuntura e esquecemos que o País está construindo coisas para o futuro", comentou, citando como exemplo de caso de sucesso a feira World Skills, realizada no mês passado, na qual o Brasil foi o maior medalhista.

Entre os desafios pela frente, Claudia elencou a necessidade de criar programas ponte, em que os ingressantes de cursos profissionalizantes tenham aulas de reforços para competências básicas e sobre o mercado do trabalho. "Hoje, quase 60% dos operários qualificados não conseguem ler o manual de uma máquina", aponta. A representante do Banco Mundial também disse que é preciso fortalecer a governança das instituições e melhorar o processo de garantia de qualidade e fluxo de informação, além de cultivar vínculos com potenciais empregadores.

Já o professor da FGV André Portela Souza comentou que o Brasil passa por mudanças populacionais muito rápidas e que o bônus demográfico se reduzirá drasticamente em pouco tempo. Lembrando que crescimento econômico depende de aumento da produtividade, ele mencionou que o ponto-chave é combinar a distribuição de talentos com postos de trabalho. "Uma empresa não cria postos de trabalho altamente avançados em tecnologia se não tiver trabalhadores para aquela vaga. E uma pessoa não vai querer se formar se não tiver um posto de trabalho para aquela profissão", explicou.

O pesquisador citou estudos que mostram que só 22% dos egressos dos cursos profissionalizantes trabalham atualmente na área em que se formaram, sendo que 58% nunca sequer passaram por aquele setor. "Há um descasamento entre a estrutura de postos de trabalho e a oferta de educação profissionalizante. Uma das hipóteses é que o mercado de trabalho muda muito rápido, mas nós também podemos estar achando que a nossa jabuticaba é melhor que as outras", criticou, afirmando que é preciso flexibilizar a oferta de vagas."

Texto extraído de: http://m.economia.estadao.com.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

InnoveEdu - Experiencias inovadoras em educação



Como a inovação desafia sistemas e modelos tradicionais de educação na prática? O InnoveEdu apresenta 96 experiências espalhadas pelo mundo que traduzem cinco importantes tendências capazes de tornar o aprendizado significativo e conectado com as demandas do século 21.

Na lista, organizada pelo Porvir, em parceria com o Edsurge, Innovation Unite World Innovation Summit for Education, estão desde ferramentas tecnológicas que facilitam o trabalho do professor até políticas públicas que transformam práticas pedagógicas em redes de ensino. Conheça as experiências e veja como existem muitas maneiras de transformar a educação.

Acesse a plataforma em: http://www.innoveedu.org.br/

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Muito além do saber cartesiano - Por Alex Bretas Vasconcelos - Outraspalavras.net

De que forma novas concepções filosóficas estão questionando o que imaginávamos sobre “aquisição” de conhecimentos. Como elas podem transformar a Educação e a Universidade

Esta é a forma que Matt Might, professor da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, encontrou para explicar didática e visualmente o que é um doutorado. Inspirado pelo modelo de Matt, também busquei um jeito de comunicar minha visão a respeito do doutorado informal, da qual falarei no próximo post. Antes de apresentá-la, porém, vale destacar quatro questionamentos que tive enquanto lia a explicação de Matt. Vamos a eles:

Só se aprende na escola ou na universidade?

A sequência de gráficos tende a uniformizar os caminhos de aprendizagem, admitindo implicitamente que somente se adquire conhecimento quem segue o trajeto ensino básico  —  ensino médio  — graduação —  mestrado  — doutorado. Não é porque essa via conteudista ainda seja mais valorizada hoje que outros aprenderes deixem de ter importância.

O caso do mecânico mineiro Alfredo Moser, que inventou as lâmpadas engarrafadas que iluminam a partir da luz do sol, exemplifica quão fundamental é estar atento para as aprendizagens da vida. A partir da necessidade  — a invenção foi feita durante os apagões de 2002 –, Alfredo criou uma forma de se obter luz que não depende da energia elétrica e utiliza apenas água, um pouco de cloro e garrafas pet. Hoje, suas lâmpadas bioeficientes já estão instaladas nas casas de centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo.

Somando-se à questão inicial, trago outra pergunta, mais polêmica:

Alguém que fez doutorado tem, necessariamente, mais conhecimentos do que aquela pessoa que não completou o ensino fundamental?

Cada um de nós responderá de acordo com suas crenças e interpretações. Eu acredito que não: isso porque não vejo o conhecimento acadêmico ou científico como superior a nenhuma outra forma de se conhecer. Paul Feyerabend já denunciava o privilégio que a ciência adquiriu historicamente frente a outros campos por um suposto método científico padrão e infalível. Sinceramente, não é porque eu frequentei mais tempo escolas e universidades do que Alfredo Moser que sou mais conhecedor do mundo do que ele  — isso é uma daquelas verdades que às vezes aceitamos sem questionar.

Aliás, a própria construção dessa pergunta já encerra uma crença de que é possível quantificar o aprender, isto é, alguém “ter mais” conhecimentos do que outro. Como se fosse uma competição (infelizmente, muitas vezes ainda é). Falaremos disso mais à frente.

Lei na ìntegra em: http://outraspalavras.net/

Educação para a mídia: O estranho mundo dos midiotas - Por Luciano Martins Costa - Observatório da Imprensa

Se você lê jornais e assiste ao noticiário televisivo, e além disso leva em conta os comentários dos especialistas em generalidades que proliferam nas emissoras de rádio e acompanha sofregamente tudo que circula nas redes sociais digitais, pode estar certo de que você está incurso no arco de seres humanos que estão sendo estudados pelos especialistas em comunicação de algumas das melhores universidades do mundo. Esse espectro vai do indivíduo profundamente elaborado, que é capaz de filosofar sobre o mundo midiatizado, ao perfeito midiota.

O contexto teórico considerado por esses estudiosos tem como objeto o que em língua inglesa se chama “media literacy” e que, em português, é chamado, principalmente no núcleo de estudos específicos da Universidade de São Paulo, como Educomunicação. Trata, como se pode depreender, de uma educação especial que habilita o indivíduo a entender o conteúdo da mídia e formular sua própria opinião a respeito dos assuntos abordados. O pressuposto de tal disciplina é que a mídia tem uma função social que vai muito além da tecnologia e dos recursos financeiros usados para fazer com que aconteça a comunicação.

O professor Thomas Bauer, responsável pela cadeira de Cultura da Mídia e Educação pela Mídia na Universidade de Viena, observa que essa função dos meios deve extrapolar o conceito de troca de informações passando por um filtro (mediação), para o propósito de contribuir para a construção de uma ordem social baseada na diversidade. Além de balizar a organização da ordem social, juntamente com outras instituições e entidades formais ou informais, a mídia deve participar das negociações entre os indivíduos, isoladamente ou em grupos, e entre si, para que se obtenha uma sociedade sustentável.

Uma proposta de educação que considere o papel da mídia como tal deve, segundo Bauer, apontar para a conquista da competência de distinção do significado de diferentes situações, em termos de ética, estética e benefício potencial. Numa circunstância ideal, a sociedade sustentável conta com pessoas capazes e responsáveis pelo uso da mídia como meio de comunicação e conexão social, e não apenas como clientes a serem convencidos disto ou daquilo.

Uns e outros

Como no “vidiota” do romance de Jerzy Kosinski que inspirou o filme intitulado Muito além do jardim, a intensa exposição à mídia, sem o contraponto do senso crítico, pode ser uma prática perigosa. O indivíduo habilitado para interpretar a narrativa e o discurso propostos pela mídia nesse papel é também capaz de questionar o sentido que a mídia propõe para os acontecimentos do cotidiano.

Um grande contingente de cidadãos em condições de distinguir os vários significados das situações que a imprensa lhes apresenta será mais senhor de seu destino e se tornará menos vulnerável a discursos manipuladores e demagógicos.

O dilema está no fato de que esse benefício depende em grande parte de uma determinação da mídia hegemônica de usar seus recursos eticamente e com grande empenho estético. O problema se complica quando a própria imprensa faz escolhas contrárias à ética, esteticamente inadequadas e fora do propósito do bem, com o objetivo de usar a conectividade social que lhe é atribuída para arregimentar adeptos a um modo de vida simbólico que contraria o interesse coletivo.

Claro que tudo isso pressupõe a existência de interesses coletivos em meio a idiossincrasias individuais, mas o problema se resolve com a observação segundo a qual a sociedade se forma por meio da comunicação, produtora de sentido – portanto, criadora de cultura.

Uma maneira simples de avaliar se determinado meio contribui para este ou aquele tipo de sociedade é observar se suas mensagens estimulam, por exemplo, uma cultura de paz ou a violência; se propõe uma visão tolerante das diferenças ou se investe no confronto.

É da modernidade supor que o indivíduo se torna responsável por suas escolhas, ou, em outra acepção, no uso de suas vontades fortes ou fracas. Portanto, parte da responsabilidade pelo que se processa no ecossistema midiático compete à mídia, mas o arbítrio ainda é do cidadão.

Quando dizemos que “você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito”, estamos apostando que, exercitando a observação crítica da imprensa, o indivíduo se educa para a mídia. Essa distinção de habilidades é o que faz, de uns, midialiteratos e, de outros, no ponto extremo do que acreditam em tudo que leem, midiotas.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Inscrições abertas para o Curso de Formação de Docentes: Laboratório de Currículo - Centro Paula Souza


Com a intenção de concluir a segunda etapa do cronograma de trabalho das equipes de Laboratórios de Currículo, o Grupo de Formulação e Análises Curriculares (GFAC), por meio do Núcleo de Estudos de Currículo da Educação Profissional e Tecnológica (NECEPT), promoverá nos dias 23 e 24 de setembro de 2015 o “Curso de Formação de Docentes: Laboratório de Currículo”. Trata-se de uma formação inicial que tem a intenção de apresentar as principais características do processo de elaboração e gestão dos Planos de Cursos das Habilitações Profissionais Técnicas oferecidas pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS). O curso tem o objetivo de qualificar e selecionar docentes para atuarem na sistematização do desenho curricular das Habilitações Profissionais Técnicas em: Arquivo; Comércio; Comunicação Visual; Desenvolvimento de Sistemas; Hospedagem; Informática; Manutenção e Suporte em Informática; Panificação; e Processamento de Pescado.

Público-alvo: docentes que lecionam nas Habilitações Profissionais Técnicas em: Alimentos; Biblioteca; Comércio; Comunicação Visual; Hospedagem; Informática; Manutenção e Suporte em Informática; Museologia; e Nutrição e Dietética. Com interesse e disponibilidade para atuarem nos Laboratórios de Currículo em 2016.

Carga horária: 10 horas – 6 horas presenciais / 4 horas a distância;
Vagas: 80 vagas – 02 turmas de 40 vagas.
  • Turma 01 – Carga horária presencial: 23 de setembro de 2015 – das 9h30 às 17h30; Carga horária a distância: de 28 de setembro a 02 de outubro de 2015;
  • Turma 02 – Carga horária presencial: 24 de setembro de 2015 – das 9h30 às 17h30; Carga horária a distância: de 28 de setembro a 02 de outubro de 2014;
Local do encontro presencial: Centro de Capacitações – Rua General Couto Magalhães, 145 – Santa Ifigênia – CEP 01212-030 – São Paulo – SP (próximo à Estação da Luz – Linha amarela do Metrô).
Inscrições: de 17 de agosto a 03 de setembro de 2015 pelo site: www.cpscetec.com.br/ceteccap
Informações: por e-mail: michel.will@cps.sp.gov.br

World Skills: Brasil obtém conquista inédita do 1º lugar, com 27 medalhas, 25 de alunos do Pronatec.

"O Brasil é o campeão da 43ª edição da WorldSkills Competition, a maior prova prática para estudantes da educação profissional e tecnológica do mundo, realizada em São Paulo. Após quatro dias, a equipe brasileira foi premiada com 11 medalhas de ouro, dez de prata e seis de bronze. O país ainda contou com 18 certificados de excelência. Os números deram 99 pontos ao Brasil, o melhor resultado da história do país. Coréia do Sul e Taipé Chinesa (Taiwan) ficaram em segundo e terceiro lugares.

Equipe brasileira comemorou a conquista história da educação profissional e tecnológica do país (foto: José Paulo Lacerda)

Os estudantes foram preparados para a WorldSkills com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Confederação Nacional de Indústria (CNI). O paulista Luís Carlos Sanches Machado, que ganhou medalha de ouro em tecnologia automotiva, foi também premiado como o melhor da competição.

O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, destacou a participação de competidores que tiveram acesso à educação profissional por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “A vitória do Brasil no WorldSkills é uma vitória do Pronatec”, disse. Das 27 categorias em que o Brasil levou prêmio, com 31 medalhistas, 25 tiveram a participação de estudantes do programa, incluídos os 11 jovens que ganharam medalha de ouro. “Isto muda o papel da educação profissional no país”, destacou o ministro. “Não faz mais sentido pensar que ela é inferior. Nossos esforços foram consagrados internacionalmente hoje. Os caminhos entre a educação e o mundo do trabalho só vão crescer.”

Na íntegra em: http://portal.mec.gov.br

Big Data vai avaliar competências para século 21 - Por Marina Lopes - Porvir.org

"Avaliar o desenvolvimento de competências para o século 21 pode ser uma tarefa complexa, principalmente quando se pensa em escala. Como medir o que os alunos aprendem enquanto trabalham na resolução de problemas ou interagem com os colegas? Na última terça-feira (4), durante o 4º Seminário Internacional do Centro Lemann para o Empreendedorismo e Inovação na Educação Brasileira, realizado em São Paulo, pesquisadores da Universidade de Stanford e Columbia, nos Estados Unidos, discutiram o papel do Big Data na educação e como avaliar situações complexas de aprendizagem.

Diferente dos métodos que verificam o conhecimento em disciplinas como português, matemáticas ou ciências, as aprendizagens complexas exigem outras métricas e observações atentas sobre empenho dos alunos. “A nossa preocupação e a nossa agenda é tentar criar formas de medir o aprendizado que importa”, defendeu o professor Paulo Blikstein, diretor do centro de pesquisas em educação Lemann Center, na Universidade de Stanford.

Crédito: faithie / Fotolia.com

De acordo com Blikstein, a ausência de mecanismos para escalar a avaliação de aprendizagens das competências para o século 21 vai aprofundar as desigualdades entre escolas públicas e particulares, já que as políticas públicas se concentram em ensinar apenas o que pode ser medido. “Vamos deixar os alunos das escolas públicas relegados às pedagogias do século 19, que é o que conseguimos medir com testes de múltipla escolha”, afirma."

Leia na íntegra em: http://porvir.org