De que forma novas concepções filosóficas estão questionando o que imaginávamos sobre “aquisição” de conhecimentos. Como elas podem transformar a Educação e a Universidade
Esta é a forma que Matt Might, professor da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, encontrou para explicar didática e visualmente o que é um doutorado. Inspirado pelo modelo de Matt, também busquei um jeito de comunicar minha visão a respeito do doutorado informal, da qual falarei no próximo post. Antes de apresentá-la, porém, vale destacar quatro questionamentos que tive enquanto lia a explicação de Matt. Vamos a eles:
Só se aprende na escola ou na universidade?
A sequência de gráficos tende a uniformizar os caminhos de aprendizagem, admitindo implicitamente que somente se adquire conhecimento quem segue o trajeto ensino básico — ensino médio — graduação — mestrado — doutorado. Não é porque essa via conteudista ainda seja mais valorizada hoje que outros aprenderes deixem de ter importância.
O caso do mecânico mineiro Alfredo Moser, que inventou as lâmpadas engarrafadas que iluminam a partir da luz do sol, exemplifica quão fundamental é estar atento para as aprendizagens da vida. A partir da necessidade — a invenção foi feita durante os apagões de 2002 –, Alfredo criou uma forma de se obter luz que não depende da energia elétrica e utiliza apenas água, um pouco de cloro e garrafas pet. Hoje, suas lâmpadas bioeficientes já estão instaladas nas casas de centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo.
Somando-se à questão inicial, trago outra pergunta, mais polêmica:
Alguém que fez doutorado tem, necessariamente, mais conhecimentos do que aquela pessoa que não completou o ensino fundamental?
Cada um de nós responderá de acordo com suas crenças e interpretações. Eu acredito que não: isso porque não vejo o conhecimento acadêmico ou científico como superior a nenhuma outra forma de se conhecer. Paul Feyerabend já denunciava o privilégio que a ciência adquiriu historicamente frente a outros campos por um suposto método científico padrão e infalível. Sinceramente, não é porque eu frequentei mais tempo escolas e universidades do que Alfredo Moser que sou mais conhecedor do mundo do que ele — isso é uma daquelas verdades que às vezes aceitamos sem questionar.
Aliás, a própria construção dessa pergunta já encerra uma crença de que é possível quantificar o aprender, isto é, alguém “ter mais” conhecimentos do que outro. Como se fosse uma competição (infelizmente, muitas vezes ainda é). Falaremos disso mais à frente.
Lei na ìntegra em: http://outraspalavras.net/
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